Jack Kerouac, descendente de
franco-canadenses, nascido em 1922, na cidade de Lowell, Massachusetts (EUA) –
simplesmente mudou o rumo da história cultural e literária da América; deu um
“soco na cara” da sociedade ultraconservadora norte-americana, quando lançou,
em 1957, o emblemático, “On the Road – Pé na Estrada”, cuja obra, além de ser avaliada
como uma bíblia dos Beatniks e o manual da contracultura para a primeira
geração de Hippies e uma injeção de adrenalina na veia de jovens daquela década,
e posteriores - que resolveram experimentar a vida no frenesi do jazz; ele
[Kerouac] exalta os vagabundos andarilhos como “santos”, “iluminados”, pessoas puras
que, em sua concepção, “sabiam como viver” e claro uma imensa admiração pelos negros
e seu Bebop, um subgênero do Jazz, coisa banal para época, onde os EUA era um
país totalmente racista e preconceituoso.
A adaptação cinematográfica
deste livro, cujo título no Brasil saiu como “Na Estrada”, dirigido por Walter
Salles, consegue transferir toda a essência escrita por Kerouac para às telas,
porém, ler o livro, é uma experiência única e frenética. Conheci essa publicação e autor há 7 anos e
após isso, minha vida mudou drasticamente; Jack consegui por nas páginas toda sua
aventura e libertação de forma tão pura, explícita e detalhada que consegue
fazer o leitor sentir-se junto de Sal Paradise (alter ego do escritor) e os
outros personagens que aparecem ao decorrer da história. Essa adaptação fez
voltar à tona toda a potência literária de Kerouac e a velha discussão: o
beatnik tanto a literatura como o estilo de vida, ainda existem? Vários sites,
bloggers e outras mídias colaborativas dão opiniões diversas: uns dizem que sim
– o movimento existe, mas sem o fervor do original, e outros dizem que acabou.
Já a literatura se mantém viva por conta das reedições dos artistas clássicos
como Allan Ginsberg e William Burroughs. Mesmo que Pé na Estrada seja o
principal trabalho, outras obras que fora lançada tanto anteriormente como
posteriormente ao On the Road, merecem total atenção, pois são várias outras
experiências que Kerouac descreve sempre misturando o ficcional com um “quê” de
autobiográfico, assim como as obras “Almoço Nu”, do Burroughs, e, o “Uivo” do
Ginsberg. Inclusive a versão do “Pé na estrada – o manuscrito original” é tão
bom quanto à edição lançada originalmente, no qual a editora fez uma correção
gramatical, pois o original não possui vírgulas ou qualquer outro ponto – ela
foi escrita como se fosse uma Jam Session (sessão de improviso comum no Jazz) -
vale a pena ler essa versão escutando jazz, de preferência o instrumental,
porque você, leitor, verá que o ritmo da música combina com o estilo único que
o autor compôs sua abra.
Embora não tive ainda há
oportunidade de ler todos os livros, deste que é meu escritor favorito,
desenvolvi uma teoria que há quatro obras que se lidas na sequência (e na ordem
que descreverei a seguir), verá que uma é complemento da outra, onde mostra
nosso herói buscando algo diferente: On The Road, Vagabundos Iluminados, Anjos
da Desolação e Big Sur, este último, é o mais triste deles, pois Kerouac, fala
abertamente sobre seu alcoolismo e de como isso está lhe destruindo.
Seguindo a sequência descrita
acima, tudo realmente começa com a libertação material de On the Road, depois
vai para a iluminação espiritual em Vagabundos Iluminados, o enfrentamento da
loucura e solidão com Anjos da Desolação e as consequências dos abusos em Big
Sur – Não sei ao certo de que essas obras se complementam, porém, de tanto
lê-las, cheguei à conclusão que sim, uma complementa a outra, pois em todos os
livros citados, o alter ego do autor, sempre está em busca de algo.
Percebo uma mágica e atemporalidade
em toda obra de Jack Kerouac, pois a cada década que uma nova geração encontra
suas escritas sagradas, influencia o leitor no ato, chega a ser surreal o poder
que os livros do Jack têm a ponto de sempre estarem atuais, mostrando ao ser humano
que sempre tem que partir em busca de algo para poder saciar seu corpo e alma –
que sem isso sempre nos sentiremos incompletos e infelizes.
By Bruno "Off The Road" Barni
Gosto muito de uma frase do Kerouac, que numa livre tradução é mais ou menos isso: "Eu só confio nas pessoas loucas, aquelas que são loucas pra viver, loucas para falar, loucas para serem salvas, desejosas de tudo ao mesmo tempo, que nunca bocejam ou dizem uma coisa corriqueira, mas queimam, queimam, queimam, como fabulosas velas amarelas romanas explodindo como aranhas através das estrelas." Genial Barni...
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