Um Lugar...

Nosso principal objetivo é acordar o Ser Humano, apoiar os despossuídos e alertar os poderosos... usando a cultura e o pensamento para esbofetear os medíocres... ou não! Todas as histórias contadas aqui são verídicas, os nomes foram trocados para proteger os inocentes...


Roger Borges (Pesquisador, Jornalista e Blogueiro Ocasional)
Bruno Cavalcanti (Jornalista, Blogueiro e Pensador)

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Devaneio: Uma Consulta com o Dr. Thompson

(Esse texto é um relato de um sonho que tive, onde esses diálogos ocorreram – então não se esqueçam de que tudo isso faz parte de uma fantasia que tive enquanto dormia)

Deito sonolento em minha cama, me cubro, então caio em sono profundo – quando acordo, estou vestido com minha velha jeans azul, camisa preta, calçando meu all star branco, sujo e surrado. Estou em um bar cujas paredes, chão e balcão são todos de madeira, no canto do salão, na única mesa ocupada, está um homem com pouco cabelo, quase careca, óculos, fumando cigarros Dunhill, com o auxílio de uma piteira - reconheço, mas sem acreditar ainda, que àquele homem é meu herói jornalista, Hunter S. Thompson, então, aproximo-me dele, observo que sobre a mesa há uma garrafa de uísque Chivas e um copo a mais, ele me vê, sorri, e sem falar nada, Thompson enche o meu copo, e fala saúde. Eu viro o copo em uma única dose, acendo um cigarro e sento-me à mesa.

“Onde Estou?” - pergunto ainda sem entender nada - ele me olha, enche novamente nossos copos e fala: “Barni, estamos em sua mente, você queria aprender sobre como se tornar um jornalista completo como eu, pois bem, vim aqui te dar umas dicas de como ser um Jornalista Gonzo”. Fico perplexo, acendo outro cigarro [e ele também], então começo a perguntar como devo reagir em uma situação, por exemplo, de confronto, ele começa a rir e fala que simplesmente devo ir para cima da confusão, sem me importar com nada, viver àquele momento de violência e terror (assim como ele fez com a gangue Hell Angels, que fora tema de seu primeiro livro publicado, onde conviveu quase um ano com os caras e ainda apanhou de alguns deles), estar no “olho do furacão”, pois assim, após recolher os relatos de outros participantes, poderá incluí-los junto à sua perspectiva do fato e assim relatá-lo com veracidade e crueza de alguém, mesmo que de forma indireta, presenciou tudo de perto.  Viro outra dose de Chivas, pois estou impressionado, realmente é ele! O DOUTOR, morto há 11 anos, em meu sonho, mas isso não pode ser um sonho, é muito real para ser um fruto produzido pelo meu subconsciente, entretanto, após virar a dose de uísque, sinto a bebida queimar minha garganta e, novamente ele me enche o copo. Respondo a Hunter que realmente o quê ele acaba de me dizer faz todo o sentido, pois se relatasse algum fato sem ter vivenciado perde-se muito na hora de relatar o horror do momento. 

“Rapaz, quando você escreve um artigo, você, além de por todo seu conhecimento, tem que por sua alma àquele texto, seja ficção ou não, se não se dedicar totalmente a ele, sairá uma bosta!”, me fala o doutor, após virar seu copo de uísque e fazer um movimento com a mão direita -, logo em seguida, vem o garçom, com um balde cheio de cervejas da marca Budweiser e enche novamente nossos copos de Chivas e se distancia, voltando ao balcão.

Cada um pega uma longneck e abre, brindamos juntos e damos um longo gole em nossas respectivas bebidas, em seguida olho para a bebida e para ele e pergunto:

“Doc... afinal, como você escrevia com uma quantidade enorme de álcool e drogas no corpo, como conseguia?”

“Olha se combinar a dosagem certa de drogas com álcool você consegue entrar em um frenesi que ajuda e muito, mas, às vezes fica tão chapado que não faz nada. Após eu ter parado com o uso de narcóticos, continuei a escrever com o auxílio da bebida, ela ajuda a estimular e manter sua mente relaxa para que possa tê-la a disposição para conseguir criar um belo artigo. Contudo, é necessário acostumar seu corpo e mente a produzir com o auxílio de bebidas, muitos não conseguem e simplesmente fazem merda, entretanto quando conseguem, fazem ótimas reportagens, como as minhas, por exemplo. (risos).”

Depois desses nossos breves diálogos, sinto-me mais relaxado e menos preocupado em saber se é um sonho ou não, aproveito o momento, bebo mais um belo gole de cerveja, acendo outro cigarro e vou curtindo a situação, e Thompson faz o mesmo. Ele me olha me analisa e então me pergunta o porquê do meu medo de não me tornar um excelente jornalista, ele diz que ele sente que tenho jeito e áurea para me dar bem na profissão; explico a ele, brevemente, sobre a situação atual da área de jornalismo no Brasil e que ainda sou “limitado” aos olhos do mercado – Hunter mata sua breja, joga a garrafa longe, ela estoura, ele vira sua dose de uísque, acende outro cigarro, levanta-se de forma brusca da cadeira, aponta o dedo para mim e aos berros fala: “Porra moleque, por que dessa porra de medo caralho? Você sabe que me fodi pra porra até me tornar o quê sou, então seu merda, corra atrás, mesmo que vários babacas engomadinhos falem ‘não’ pra você, mande todos eles por inferno e corra atrás, quando se nasce pra isso [assim como eu] e quer ser realmente jornalista, um ‘não’ é igual a nada! Corra atrás que você de tanto insistir, algum editor com “feeling” verá que você é bom e aí empregado, você mostra que você é ‘o Cara’! Mostrando toda essa ‘agressividade’ e talento que tem no trabalho se tornará um excelente profissional!”.

Após esse esporro do doutor, eu acordo em minha cama às 4:35 da manha, vejo que fora um sonho, porém, sinto o gosto o uísque em minha garganta....


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